19 outubro, 2007

"O PÚBLICO" Informação enganadora

Muito gostava eu de conseguir ter fé, quer fosse num Deus ou nos homens. Infelizmente os anos que já aqui vivi fazem-me acreditar que o acaso acaba sempre por não o ser. Esta é a fotografia, publicada no jornal "O Publico", da manifestação que ontem juntou mais de 200 mil pessoas em Lisboa, contra a política deste governo, o Tratado Europeu que ali ao lado se preparavam para assinar e contra a flexigurança que nos transformará a todos em escravos da prepotência dos patrões. Olhando com um pouco mais de atenção podemos notar o cuidado que houve no enquadramento publicado, em que se pode ler num cartaz "com a flexigurança" e na faixa que está em primeiro plano "A Europa Sim". Quem nada soubesse certamente pensará que se tratava de uma manifestação de apoio e não do contra. Como disse, poderá ter sido uma questão do acaso, mas custa a acreditar que no meio das dezenas ou centenas de fotografias que foram tiradas tivesse sido logo esta a escolhida e que ninguém do jornal tivesse reparado neste pormenor. Fica por isso a hipótese de se tratar da mais vil forma de fazer manipulação. Podemos dizer que é só uma hipótese, mas que me parece mais verosímil que a de um infeliz acaso, lá isso parece. Parece isso e que a falta de vergonha e isenção jornalística na informação atingiu o ponto mais baixo. Ou este jornal se retrata e pede desculpa aos 200 mil que desfilaram por Lisboa ou nunca mais comprarei este jornal que passarei a referir como mais um reles pasquim.

PS: Um anónimo chamou-me a atenção que também o JN tinha uma foto semelhante. Realmente já parecem acasos a mais.

Aproveito para dizer que a argúcia que me é atribuída no comentário da amiga Moriae não me pertence, mas sim à amiga Kaotica que me alertou para a situação. Ele sim, arguta como nunca vi...


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9 comentários:

Anónimo disse...

Se estivessem a apoiar, as caras estariam sorridentes. Como não podem metamorfosear as caras todas da fotografia, elas continuam com ar zangado. Por isso, a foto não engana ninguém. Octávio Lima (ondas3.blogs.sapo.pt)

Watchdog disse...

KAOS: Perdeu-se o DN que para mim era uma referência, passei para o Público que me tem acompanhado desde então, diariamente.
Aqui há dias escrevi um post:

http://thewatchdog-blog.blogspot.com/2007/10/pormenores.html

São estas pequenas coisas, pormenores que até podem ser coincidências (mas que eu duvido), que nos fazem desacreditar ainda mais na imprensa. Estou farto de manipuladores!

1 Abraço!

Anónimo disse...

É manipulação pura e dura. Pedro Capela foi o fotógrafo poderá não ter feito a edição. Gostava de saber quem foi o iluminado.
Bem sei que há muitos.
Tu, Kaos, és arguto como nunca vi ... comprei esse jornal e te garanto que não dei por ela (aliás, só dei pela manif porque lá andei porque foi camuflada com a conivência de muita gente).
Bj

Anónimo disse...

Sem esmiolar (e obrigado Kaos, prazer!), esta imagem não é obviamente ingénua. Ela faz seguramente parte da campanha.

Neste fotografia não há um único símbolo, seja ele qual for, visível que leve o consciente ou o insconsciente para as variadas vertentes que compunham esta manifestação na sua simbologia.

De facto as únicas referências para leitura são exclusivamente: A EUROPA SI... COM FLEXISEGURANÇA !

Não é preciso dizer que pode ser acaso - NÃO O É SEGURAMENTE! Isto é uma opção de edição.

Se não fosse o teu reparo não teríamos visto. Obrigado.

NoPasaran!

Anónimo disse...

Kaos, a fotografia de capa do JN... tem quase os mesmos tiques mas lá tem o STAL.

Terá sido do posicionamento dos foto-jornalistas em cima do palco?
Reenquadramentos...

José Lopes disse...

A imparcialidade de que os jornalistas gostam de encher a boca vê-se por aqui e pela cobertura vergonhosa que a SIC fez que raiou o ridículo.
Cumps

Anónimo disse...

Não me surpreende que tenha sido reparo da Kaótica! Mas tu tb tens esse olho vivo Kaos!
Bom, acho que este assunto devia saltar para discussões públicas mesmo que da treta (aqueles shows da TV etc).
Há que reencaminhar estes posts por mail para amigos e listas.

zerapaz disse...

No passado dia 25 de Setembro, decorreu no Convento do Carmo, em Lisboa, a entrega dos Prémios Gazeta, do Clube de Jornalistas. Nesta cerimónia, presidida pelo Presidente da República, João Pacheco foi um dos premiados, tendo proferido um discurso que louvamos e que é apresentado de seguida.


"Obrigado.
Obrigado à minha família. Obrigado aos jornalistas Alexandra Lucas Coelho, David Lopes Ramos, Dulce Neto e Rosa Ruela.
Obrigado a quem já conhece "O almoço ilegal está na mesa", "A caça à pedra maneirinha" e "Guardadores de sementes".



Parabéns aos repórteres fotográficos Nuno Ferreira Santos e Rui Gaudêncio, co-autores das três reportagens, com quem vou partilhar o prémio monetário.



Parabéns também ao Jacinto Godinho, ao Manuel António Pina e à Mais Alentejo, que me deixam ainda mais orgulhoso por estar aqui hoje.


Como trabalhador precário que sou, deu-me um gozo especial receber o prémio Gazeta Revelação 2006, do Clube dos Jornalistas.
A minha parte do dinheiro servirá para pagar dívidas à Segurança Social. Parece-me que é um fim nobre.


Não sei se é costume dedicar-se este tipo de prémios a alguém, mas vou dedicá-lo.
A todos os jornalistas precários.

Passado um ano da publicação destas reportagens, após quase três anos de trabalho como jornalista, continuo a não ter qualquer contrato.
Não tenho rendimento fixo, nem direito a férias, nem protecção na doença nem quaisquer direitos caso venha a ter filhos.
Se a minha situação fosse uma excepção, não seria grave. Mas como é generalizada - no jornalismo e em quase todas as áreas profissionais - o que está em causa é a democracia.
E no caso específico do jornalismo, está em risco a liberdade de imprensa.

Obrigado,

João Pacheco"


Acho que não é necessário dizer mais nada...

Anónimo disse...

Bom olho, convém sempre ter em atenção este tipo de "desvios".