24 julho, 2007

Desafio I

A amiga Carminda Pinho, do blog “Fórum Cidadania” deixou-me o desafio de aqui revelar “7 factos da minha vida”. Vou tentar e reservo-me o direito de nomear as minhas “vítimas” para mais tarde.

1 – Não gosto de dever nada a ninguém, pelo que sou um péssimo cliente do sistema bancário. Não lhes devo dinheiro nenhum.
2 – No dia 25 de Abril de 1974, sai da escola e fui com os meus amigos para o centro de Lisboa, voltando a casa já de noite. Não me arrependo nada do maior raspanete que apanhei na minha vida.
3 – Embora em minha casa e no meu círculo de amigos ninguém ouvisse Jazz, ainda rapazola, lá me metia no comboio e ia sozinho para o Pavilhão de Cascais. Muita daquela música era-me completamente estranha e muitas vezes não entendia nada daquilo, mas gostava e divertia-me. Nunca entendi de onde me veio este gosto.
4 – Quando arranjei o emprego que ainda tenho hoje, tive de ir trabalhar para Santa Maria, nos Açores, pensando que seria por dois anos. Foram 18.
5 – Até hoje só não fui votar num acto eleitoral uma vez. Apesar de já ter mudado o sentido de voto, até hoje nunca acertei no partido vencedor. Mas, como também nunca acertei na lotaria, isso deve ser coisas do destino.
6 – A revolução do 25 de Abril foi responsável por eu não ser hoje, Engenheiro (dos que são mesmo) nem Doutor. Andei um ano na Faculdade de Medicina, mais alguns na Faculdade de Ciências para acabar no Técnico. Nunca acabei nenhum dos cursos, mas naquela altura havia muito mais coisas para fazer e uma revolução para cumprir. Foram dias felizes e de esperança.
7 – A minha preguiça fez com que nunca planeie o futuro. Acredito que tudo vai correr bem e felizmente até hoje não me posso queixar da sorte. Olhar para os dois “terroristas” cá de casa são disso a prova viva.

4 comentários:

Carminda Pinho disse...

Ó meu amigo... as coisas que ficamos a saber uns dos outros.
Por acaso tu és quase quase parecido com a ideia que eu já fazia de ti por aquilo que escreves e comentas. Mas olha, temos algumas semelhanças e numa coisa sou igual a ti, é na preguiça de planear o futuro.
Bjs

rendadebilros disse...

Vida, embora não pareça, cheia de aventuras! ... Pelo menos , o ponto 7...
Abraço.

C Valente disse...

de tudo assino por baixo, menos de jazz, talvez opor o não entender, ou outrs tocarem de modo a que nós o não compreendamos.
Saudações

Anónimo disse...

kaos:
Encontro aqui explicações para tantas vezes me encontrar em sintonia com a tua visão do nosso burgo: não perdi um Festival de Jazz no pavilhão de Cascais, hoje demolido;
O 25 de Abril de 74 veio ao encontro de todas as nossas utopias - na altura percorria a pé o Bairro Alto para ir às aulas e os soldados pediam-nos que levássemos o jornal para os seus companheiros que se encontravam dois quarteirões à frente, parecia-me viver mais do que ambicionava;
Pouco antes de finalizar o liceu (73) vi colegas serem detidos para interrogatórios, embora ainda fossem menores de idade (a maioridade era aos 21 anos);
Conheço Santa Maria nos Açores, onde amigos meus trabalharam na Escola (a maior empresa da ilha) até que os filhos tivessem idade de frequentar a faculdade, ainda hoje mantem a casa que lá compraram: o cenário foi para mim irreal, o simples projecto de ir ao café tomar uma bica por vezes falhava, pois o dono do mesmo decidia não o abrir sempre que lhe dava na real gana;
Acabei o curso, mas interrompi-o por 5 anos durante os quais fui cooperante em Angola (país que desconhecia) e foi uma «vida de risco»: costumo designá-la pelo meu serviço militar...
Não me posso queixar da sorte, as minhas duas filhas são «mulheres de armas» a quem conseguimos dar a cana para pescar e não o peixe já preparado.Mesmo com a dificuldade de um licenciado conseguir emprego, a mais velha nunca desarma...
Abraço