
2 – No dia 25 de Abril de 1974, sai da escola e fui com os meus amigos para o centro de Lisboa, voltando a casa já de noite. Não me arrependo nada do maior raspanete que apanhei na minha vida.
3 – Embora em minha casa e no meu círculo de amigos ninguém ouvisse Jazz, ainda rapazola, lá me metia no comboio e ia sozinho para o Pavilhão de Cascais. Muita daquela música era-me completamente estranha e muitas vezes não entendia nada daquilo, mas gostava e divertia-me. Nunca entendi de onde me veio este gosto.
4 – Quando arranjei o emprego que ainda tenho hoje, tive de ir trabalhar para Santa Maria, nos Açores, pensando que seria por dois anos. Foram 18.
5 – Até hoje só não fui votar num acto eleitoral uma vez. Apesar de já ter mudado o sentido de voto, até hoje nunca acertei no partido vencedor. Mas, como também nunca acertei na lotaria, isso deve ser coisas do destino.
6 – A revolução do 25 de Abril foi responsável por eu não ser hoje, Engenheiro (dos que são mesmo) nem Doutor. Andei um ano na Faculdade de Medicina, mais alguns na Faculdade de Ciências para acabar no Técnico. Nunca acabei nenhum dos cursos, mas naquela altura havia muito mais coisas para fazer e uma revolução para cumprir. Foram dias felizes e de esperança.
7 – A minha preguiça fez com que nunca planeie o futuro. Acredito que tudo vai correr bem e felizmente até hoje não me posso queixar da sorte. Olhar para os dois “terroristas” cá de casa são disso a prova viva.